Por: Estadão
08/12/2018 - 02:21:19

Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, uma conta no nome de um ex-assessor do deputado estadual, e hoje senador eleito, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), foi mencionada em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O órgão apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

O documento, em mãos do Ministério Público Federal, foi anexado à investigação que resultou na Operação Furna da Onça, responsável pela prisão de dez deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Registrado como assessor parlamentar, Fabrício José Carlos de Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro em outubro deste ano. Policial militar, atuava como motorista e segurança do deputado.

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O Coaf tomou conhecimento das movimentações de Queiroz quando o banco sinalizou movimentações “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do ex-assessor parlamentar.

Além disso, o relatório também cita transações envolvendo dinheiro em espécie o que não era compatível com a atividade exercida por Queiroz, cuja “característica é a utilização de outros instrumentos de transferência de recurso”.

Na folha de pagamento da Alerj, referente ao mês de setembro, Queiroz recebia salário de R$ 8.517 para o cargo de Assessor Parlamentar III, no gabinete de Flávio Bolsonaro. Além disso, acumulava salário mensal de R$ 12,6 mil da Polícia Militar.

O Coaf é a unidade responsável por monitorar e receber todas as informações dos bancos sobre transações suspeitas ou atípicas. Pela lei, os bancos devem informar qualquer transação que não siga o padrão do cliente. Quando a transação é em dinheiro, o banco informa sempre que o valor for igual ou superior a R$ 50 mil.

Uma das transações apontadas citadas no relatório do Coaf refere-se a um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque em favor da mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro aparece na lista de valores pagos pelo PM. “Dentre eles constam como favorecidos a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função – Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil”, diz o documento do Coaf.

Ao longo de um ano, o órgão também encontrou cerca de R$ 320 mil em saque na conta mantida pelo motorista do filho de Bolsonaro. Desse total, R$ 159 mil foi sacado numa agência bancária no prédio da Alerj, no centro do Rio. Também chamou a atenção dos investigadores as transações realizadas entre Queiroz e outros funcionários da Assembleia. O documento lista todas as movimentações e seus destinatários ou remetentes.

Ainda de acordo com o Coaf, entre fevereiro e abril do ano passado, os técnicos do órgão também receberam informações sobre transações consideradas pelo órgão como suspeitas após janeiro de 2017. Segundo o Coaf, entre fevereiro e abril do ano passado, o banco comunicou sobre 10 transações “fracionadas” no valor total de R$ 49 mil que poderia configurar uma “possível tentativa de burla aos controles”.

“A conta teria apresentado aparente fracionamento nos saques em espécie, cujos valores estão diluídos abaixo do limite diário. Foi considerado fator essencial para a comunicação pela possibilidade de ocultação de origem/destino dos portadores”, afirma o relatório do Coaf.


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